Ano: 2000
Duração: 120 min
Direção: Ang Lee
Chow Yun-Fat - Li Mu Bai
Michelle Yeoh - Shu Lien
Zhang Ziyi - Jen Yu
Chang Chen - Lo
NOSSA NOTA: 8.8 tak
Excepcional no filme: Trilha sonora, a fotografia e a coordenação das lutas.
Frase marcante: "Sharpness is a state of mind." - Li Mu Bai
Análise crítica do filme Crouching Tiger, Hidden Dragon, de Ang Lee.
Pessoas que correm de bambu para bambu e voam de telhado para telhado desafiando a gravidade em um filme fariam com que ele fosse ridicularizado por muitos até a década de 1980. E, na verdade, até mesmo na época de lançamento, em 2000, foi criticado por vários espectadores céticos ao extremo. Porém Wo hu zang long é muito mais do que efeitos especiais: ele possui toda uma trama com romance, aventura, drama e que trata da honra, lealdade e dever. O problema é que muitos outros filmes tratam da mesma coisa, o que não é um diferencial desse específico do diretor Ang Lee.
O roteiro não foi muito bem trabalhado, e vemos a história da filha (Jen Yu, interpretada pela excelente Zhang Niyi) de um governador que não gosta da vida presa e quer ser independente. Então, apenas para diversão, ela faz coisas erradas e sai em busca de aventuras. Do outro lado temos o Mestre Li Mu Bai (interpretado pelo também ótimo Chow Yun-Fat), que, apesar de ser um guerreiro renomado, se cansou da violência e quer descansar. Entendo a profundidade da história, que foi baseada no livro de Wang Du Lu, mas ela poderia ter sido abrangida de forma melhor, dando um pouco mais de complexidade ao enredo. Um ponto extra é que, como ele foi escrito em mandarim, os diálogos nas cenas também foram gravados de tal maneira, proporcionando um toque especial para o filme.
A trilha sonora composta pelo famoso Tan Dun é esplêndida e a cada cena romântica ou de uma explosiva luta nos deparamos com a magnitude da música envolvente e perfeitamente selecionada para cada ocasião. Indubitavelmente o Oscar pela trilha sonora foi muito merecido. E o que fez a diferença foi a preferência por um oriental para ser responsável pela música, já que a história do filme se passa na China; se um americano, por exemplo, compusesse as peças, mesmo sendo elas do estilo chinês, não nos encantariam como o fizeram.
Porém a fotografia desse filme é o que mais chama atenção: paisagens delirantes da Antiga China da Dinastia Ching reconstituídas pela equipe de produção e lutas marciais coordenadas pelo gênio Woo-Ping Yuen (The Matrix) cativam quem às assiste durante o tempo integral. Cada batalha física travada entre as personagens é como um gracioso ballet ensaiado especialmente para uma cena; como disse o diretor Ang Lee: “Descobri que um filme de artes marciais é diferente de artes marciais”, significando que, em uma luta real, a beleza não importa (apesar de ainda assim existir – sempre digo que a arte marcial oriental é algo lindo), e em um filme é a dança que faz a diferença. Lee correu um grande risco ao dirigir Wo hu zang long: as filmagens das cenas de luta poderiam ficar confusas devido ao movimento da câmera e à velocidade em que tudo acontece, mas ele conseguiu superar esse obstáculo. Apesar de algumas dessas cenas até se passarem à noite, somos capazes de acompanhar precisamente cada movimento dos atores sem ficarmos tontos – algo que muitos outros diretores não conseguem atingir em seus filmes.
Quando Li Mu Bai e Jen Yu começam a voar, várias pessoas dão risada, como se, no enredo do filme, aquilo fosse ridículo, mas elas devem se lembrar de que a história é uma lenda, e de que os guerreiros Wudan seguem um manual e treinam incansavelmente para atingirem o máximo da leveza de seus corpos, e isso dá uma explicação aceitável para o ato tão ridicularizado. Muitos esquecem que praticamente todos os filmes possuem algo impossível ou muito difícil de acontecer, e é isso o que os torna especiais e cativantes.
Crouching Tiger, Hidden Dragon é uma obra singular, pois cada pessoa que a assiste é presa por uma característica específica, como o romance, a ação ou o drama. E apesar do que já disse a respeito do roteiro, acredito que as outras qualidades do filme superam esse ponto que nem chega exatamente a ser um defeito. Esta aí um filme que mudou para sempre a visão dos ocidentais a respeito dos filmes de luta asiáticos, que até pouco tempo atrás eram tão injustamente menosprezados.
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