segunda-feira, 13 de julho de 2009

Plan 9 from Outer Space 1959


Ano: 1959
Duração: 78 min
Diretor/Escritor/Produtor: Ed Wood

Vampira - Vampire Girl
Tor Johnson - Inspector Daniel Clay
Bela Lugosi - Convidado especial como Ghoul Man
John Breckinridge - Ruler
Gregory Walcott - Jeff Trent

NOSSA NOTA: 4.5 tak - Analisado como um filme sério 8.5 tak - Analisado como filme trash

Excepcional no filme: A pobreza nos efeitos especiais e na continuidade temporal do roteiro. E tambpem a crítica diferente à sociedade humana.

Frase marcante: Paula Trent: "I've never seen you in this mood before. "
Jeff Trent: "I guess that's because I've never been in this mood before."


Análise crítica do filme Plan 9 from Outer Space, de Ed Wood.

por Mr. Raccoon

“O pior filme de todos os tempos”: esta aí uma afirmação equivocada a respeito de Plan 9 from Outer Space, do revolucionário Wood. Falhas na produção, na edição, crateras no roteiro e erros de continuidade fazem a reputação da obra-prima de Edward, mas elas encobrem um enredo muito interessante e uma idéia diferente das outras. Ouso dizer que o filme merecia um Oscar pela originalidade do roteiro, apesar de ser também digno do prêmio de piores efeitos especiais.

A verdade é que, comparado com os outros filmes produzidos na época, P9OS não foi exatamente um filme bom; na era de obras como Sunset Boulevard, Citizen Kane e Casablanca, um roteiro preenchido com um pobre romance e aparente descuidado com o cenário surpreendeu os espectadores. Mas, para refletir: será que se a atuação fosse boa e os efeitos especiais fossem profissionais o filme teria sido aclamado pelo público? Acredito que não. A simples mistura de alienígenas, zumbis e vampiros em um mesmo filme era incomum na década de 1950, e algo do gênero com certeza assustaria quem o assistisse.

O azar de Ed Wood foi que ele deu outros motivos para que o criticassem, e motivos além de justos. Vemos cenas que são claramente filmadas de dia – e não com a aplicação da técnica nuit américaine – e de repente nos deparamos com uma à noite; em um momento, policiais estão em um carro e, logo em seguida, se encontram em outro bem diferente; Tor Johnson entala em sua cova e necessita de ajuda para sair; e discos voadores que incidem sombras sobre espaço sideral esculacham de vez a produção.



Porém, pelo menos no meu ponto de vista do século XXI, o resultado final de todas essas características é um filme divertido de se ver, justamente devido à sua simplicidade e por conhecermos tantas paródias já feitas sobre ele. Até porque, desde o lançamento de P9OS, e, principalmente, nos últimos anos, já foram realizados centenas de filmes piores do que os de Ed Wood, e que exigiram muito mais dinheiro. É difícil odiar um filme que foi feito por um homem tão apaixonado pelo cinema, um filme que sob a pele esconde traços que fazem de uma obra algo bom.

A trilha sonora do filme é, com certeza, algo marcante, e até mesmo espetacular. Ela ficou famosa entre os amantes da ficção científica e foi muito copiada com o passar do tempo. Mas a idéia do roteiro é que realmente se destaca: não digo por causa do uso de alienígenas que roubam covas e transformam – não sei como – mortos em vampiros, que na verdade nunca morrem, mas sim da crítica à sociedade humana. Os visitantes do espaço sideral dizem que os humanos, com sua violência e imaturidade, irão eventualmente acabar com a galáxia[1], pois não sabem controlar seu poder. O que não é algo impossível de acontecer, já que uma nação está sempre em busca de mais e mais força. E é lindo quando a alien diz que, assim como um país luta contra o outro da Terra para defender seu direito de vida – ou até mesmo por coisas mais fúteis -, um planeta também deve ter o direito de fazer o mesmo com outro. E então Wood finaliza seu filme de forma bem realista e depressiva.

Ed não errou quando disse que esse seria o seu Citizen Kane, mas infelizmente ele não estava vivo para ver o anti-sucesso que sua produção atingiu. Acredito que devemos apreciar mais esse cult do cinema e olhar mais fundo para o seu lado bom, que, ironicamente, é seu lado ruim.


[1] Ela diz “universo”, mas foi um equívoco, já que a luz solar, que é o que causaria a destruição, na verdade não atinge o universo inteiro, mas sim apenas nosso sistema solar.




Nenhum comentário:

Postar um comentário