Ano:1962
Duração: 129 min
Direção: Robert Mulligan
Gregory Peck - Atticus Finch
Robert Duvall - Arthur Radley
Mary Badham - Jean Louise "Scout" Finch
Philip Alford - Jem Finch
Brock Peters - Tom Robinson
NOSSA NOTA: 8.7 tak
Excepcional no filme: A retratação fiel às condições da época presente no filme (1938)
Frase marcante: "Folks call me Dill."
Análise crítica do filme To Kill a Mockingbird, de Robert Mulligan.
por Mr. Raccoon
“O filme é repleto de clichês que só são acrescentados ao filme para o ganho de Oscar® e fãs sentimentais”, dizem diversos críticos pela internet. Mas o que muitos não entendem é que o que vemos hoje como cliché um dia já foi novidade; temos que nos lembrar que, em 1962, todas as características presentes
Devo dizer que Gregory Peck foi uma ótima escolha para o papel do advogado: o ator adquiriu feições inocentes e honestas para o filme, e se entregou completamente à personagem. E as crianças da história, Dill (o menino estranho que passa as férias de verão em Maycomb), Scout e Jem me surpreenderam na atuação; dificilmente aprecio quando os pequenos ganham papéis de importância em filmes, com exceção de alguns, claro. Mas
Créditos sejam dados à abertura do filme, que, junto com a trilha sonora composta por Elmer Bernstein, encanta com sua simplicidade. É interessante assistir à entrevista com Elmer, pois ele explica que antes de compor tal peça, ele se colocou no lugar de uma criança no piano: tocando tecla por tecla, lentamente. A fotografia em preto-e-branco do filme, que lhe rendeu um Oscar, é certamente ótima, apesar de não chegar ao ponto de ser excelente.
Mas a grande injustiça cometida pelo AFI[1] foi considerar esse filme o melhor drama de tribunal. Poderia citar mais dez filmes que têm um melhor desenvolvimento de caso do que o de Mockingbird; compreendo que o filme foi um dos primeiros a discutir o racismo contra os negros, mas houve tantos pontos que foram mal apresentados e perdidos durante o julgamento, que não me admira o seu desfecho. E, apesar da excelente atuação do negro acusado, o ator Brock Peters, a moça que o acusa tem um desempenho horrível: a atriz, Collin Paxton, disse que ela tentou representar que a personagem estava se sentindo presa e culpada, mas, na verdade, o resultado foi a representação de uma retardada mental. O caso é muito bonito e comovente, mas desaponta. E ouso dizer que até Miracle on 34th Street, com sua trama simples e inocente, tem um caso melhor apresentado e desenvolvido do que o de Mockingbird.
Robert Duvall, ainda no início de sua carreira, interpreta Boo Radley, o vizinho de Scout com problemas mentais, que é temido e admirado pelos dois filhos de Atticus e por Dill. Foi espetacular o muito como Duvall foi maquilado, com seu cabelo branco e aparência frágil – e o cabelo foi idéia de Robert, não da equipe de produção -, e seria ótimo se ele tivesse tido mais tempo de tela. Porém, com o caso do tribunal, Boo foi esquecido, e Mulligan apenas o retoma no final do filme.
O título To Kill a Mockingbird é instigante, e passamos o tempo inteiro atentos para a relação dele com a história. Em um momento, Atticus explica que matar um sabiá (mockingbird, em inglês) é o maior pecado de todos, pois ele é um pássaro que só faz o bem; mais tarde, a menina Scout faz a associação disso com o que Boo Radley faz no final do filme, mas de forma não muito criativa. Entendi o que ela quis dizer, e a carapuça até serviu, mas acho que podiam ter preparado algo melhor para a ocasião. Não posso dizer nada em relação ao livro de Harper Lee, pois não o li e não sei se nele as coisas acontecem de forma diferente, mas se esse fosse o caso, o roteirista Horton Foote podia ter escrito algo melhor que encaixasse na trama.
Admito que esse foi um filme que me deixou intrigado: eu não conseguia chegar a uma opinião final sobre ele, e pelo que conclui após uma pesquisa, foi o mesmo com algumas outras pessoas. Mas cheguei à conclusão que, apesar de gostar do gênero do filme, este em específico não me agradou tanto; porém, admito a importância dele na indústria cinematográfica como um dos primeiros do tipo. O livro de Lee foi escrito de forma jornalística, e seria melhor se o filme tivesse sido feito da mesma maneira, mas então ele não agradaria o público de 1962. Sucesso de público em primeiro lugar, não?
Nenhum comentário:
Postar um comentário