quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sunset Boulevard 1950


Ano: 1950
Duração: 110 min
Direção: Billy Wilder

Gloria Swanson - Norma Desmond
William Holden - Joe Gillis
Erich von Stroheim - Max von Mayerling
Nancy Olson - Betty Schaefer
C. B. DeMille - Himself

NOSSA NOTA: 10 tak

Excepcional no filme: A maneira como retrata sem medo a verdadeira Hollywood, e como consegue nos cativar durante cada minuto, fazendo com que perdamos a noção do tempo. Sem contar que é uma obra-prima atemporal e fabulosa em cada detalhe.

Frase marcante: "I am big; it's the pictures that got small."



Análise crítica do filme Sunset Boulevard, de Billy Wilder.
por Mr. Raccoon

Sunset Boulevard, ou Crepúsculo dos Deuses, em português, é basicamente um filme que retrata quão inescrupulosas as pessoas em Hollywood podem ser. Elas são gananciosas, insensíveis, muitas vezes desonestas e egoístas, e infelizmente é por causa disso que seus filmes – alguns – resultam em algo bom. Ou fantástico, como foi o caso de Sunset Blvd., que desde o título já nos diz muito sobre o filme: o crepúsculo das estrelas, o fim de uma história.

Billy Wilder, o diretor e co-roteirista, soube escolher perfeitamente quais atores usar e de que modo usá-los. Afinal, é difícil imaginar alguém que pudesse se sair melhor que Gloria Swanson no papel de Norma Desmond. Mae West e outras atrizes foram consideradas para a personagem, mas Gloria foi aquela que se encaixou maravilhosamente; ela tinha semelhanças com o papel que interpretaria: Swanson era uma atriz famosa em outrora que não fazia mais tanto sucesso, assim como Norma. Claro, Gloria não era a diva lunática que representava, mas estava em decadência e certamente estava carente da atenção do público.

No filme, William Holden interpreta Joe Gillis, um roteirista falido e endividado que é contratado por Norma Desmond para revisar e melhorar um roteiro escrito por ela, que deveria ser filmado pelo célebre C. B. DeMille. Com o tempo, Joe se dá conta de que Norma está apaixonada por ele, ou melhor, obcecada, e percebe que está preso à loucura de Desmond.

Logo na abertura do filme nossa atenção já é chamada por um homem em uma piscina. O modo como Wilder filmou a cena é brilhante, e foi uma das poucas vezes que ele valorizou tanto a imagem, já que ele dava mais importância ao roteiro. A cena foi filmada com um espelho debaixo d’água, que estava à 40º, para que houvesse certa distorção na imagem. Genial.

William Holden estava passando por uma fase delicada em sua carreira na época do filme. Havia se passado dez anos desde o filme que o fez famoso, Golden Boy, que o lançou como um galã promissor. E Sunset Blvd. foi um bom retorno para ele; graças a Billy Wilder, por ter enxergado em Holden o típico americano corrompido.

Mas Erich von Stroheim, o mordomo Max, é a personagem mais perfeitamente selecionada para o filme. Erich havia sido um grande diretor nas décadas de 1920 e 1930, mas sua carreira estava arruinada graças ao filme Greed. E ele já conhecia Gloria Swanson, pois era ela quem estrelava outro filme de Erich chamado Queen Kelly, filme que havia arruinado dessa vez a carreira de Gloria – e é este o filme que Norma e Joe estão a assistir no cinema privado da mansão.

A maneira como todas as cenas foram filmadas é incrível. Wilder, apesar de, como já dito, valorizar o roteiro mais do que a imagem, parecia se importar muito com o modo como as cenas nos seriam apresentadas. Tomemos como exemplo a cena da sessão de cinema particular de Norma: no momento em que ela se levanta, a luz vinda do projetor quebra o escuro e ilumina o busto da diva como se ela fosse uma deusa em busca de vingança. O que pode parecer exagerado, mas não o é.





De fato, a cena descrita acima é também memorável por causa da trilha sonora. E a trilha, composta pelo gênio Franz Waxman, chama a atenção durante todo o filme. Waxman era um amigo antigo de Wilder, já que os dois tinham fugido da Alemanha de Hitler anos antes do filme, e talvez a amizade e intimidade entre os dois possam ter contribuído para o resultado final da música, que rendeu um Oscar a Franz.

O figurino é, como tantas outras coisas neste filme, algo para se reparar. Edith Head foi a responsável por ele, e se empenhou para que as roupas fossem perfeitas em cada cenas. Basta notar no modo como Desmond se veste: de forma chamativa, cheia de glamour e classe, representando a excentricidade da personagem.

Mas a seqüência mais atemporal, marcante e fabulosa é, sem dúvida, quando Norma Desmond desce as escadas. A trilha que ouvimos chama-se “The Return”, e a cena se passa em câmera lenta, enquanto os fotógrafos, policiais e jornalistas permanecem quase parados, estupefatos, apreciando com surpresa, encanto e dó a antiga deusa em sua insanidade. É ali que Wilder consegue, com sucesso, consumar sua masterpiece, nos mostrando o efeito causado pela síndrome pós-Hollywood. E enquanto Max dirige a cena e a diva aguarda por seu close, a cena se esvanecia. “All right, Mr. DeMille, I am ready for my close”.








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