quinta-feira, 2 de julho de 2009

Lost in Translation 2003



Ano: 2003
Duração: 102 min
Direção/Roteiro: Sofia Coppola

Bill Murray - Bob Harris
Scarlett Johansson - Charlotte
Giovanni Ribisi - John
Anna Farris - Kelly

NOSSA NOTA - 10 Tak

Excepcional no filme: Trilha sonora, cenário e o roteiro simples e encantador.

Frase Marcante: Bob diz: "I don't wanna leave." Charlotte responde: "Then don't. Stay here with me. We'll start a jazz band."

Análise crítica do filme Lost in Translation, de Sofia Coppola.
por Mr. Raccoon

Certos filmes deixam uma sensação inexplicável quando terminam. Fazem você criar um afeto por ele e pelas suas personagens que às vezes te deixa sem fôlego. Lost in Translation é um filme desses. Bill Murray e Scarlett Johansson interpretam papéis simples e sensíveis, que marcaram a carreira de ambos.

Bill Murray é Bob Harris, um ator decadente que está de viagem em Tóquio, Japão, para gravar um comercial de uísque. Aparentemente, ele está passando por uma crise de meia-idade. Scarlett interpreta Charlotte, uma jovem recém-graduada em filosofia, em Yale, e casada há apenas dois anos com um fotógrafo de celebridades, que está no Japão para tirar fotos de uma banda de rock. Ela também está passando por problemas de identidade, tentando achar a essência de sua alma. E ambos Bob e Charlotte estão passando por uma crise no casamento, e a diferença é que, após 25 anos de casado, Harris tem mais experiência no assunto.

Graças à enorme diferença no fuso-horário, as duas personagens têm dificuldade para dormir, e passam quase a noite inteira acordados. Então, em uma noite no bar do hotel em que os dois estão hospedados, eles começam a se relacionar. Primeiramente de forma distante, e depois em outra noite vão se aproximando, até atingirem o nível da amizade. Ou um maior.

Quando Bob e Charlotte se encontram, eles parecem se conhecer há anos; eles possuem uma ligação forte, que Sofia consegue nos fazer sentir. Isso que é tão especial nesse filme: o modo como o romance entre os dois acontece. Um romance sem sexo e outras coisas banais. E o espectador pode imaginar a dor de pensar na idéia de os dois se separarem.



A trilha sonora também é algo notável. Sempre me agradou em filmes quando uma música está tocando em uma cena – e não digo música ambiente, e sim posta na edição – e quando o cenário muda, a música recebe um corte seco e pára. Mas não é isso o melhor da trilha: as músicas que tocam no bar, cantadas por uma bela ruiva de meia-idade ou por um homem mais velho, encaixam perfeitamente na situação em que Bob e Charlotte estão. Por exemplo, I am so into you, baby, que toca durante um silêncio tomado apenas pelos olhares trocados entre os dois, é perfeita.

E o cenário é magnífico. Afinal, Tóquio é uma cidade linda tomada por luzes e neon nas áreas urbanas e regida por um silêncio relaxante nas regiões um pouco mais afastadas do centro. Achei interessante como Sofia conseguiu retratar bem como os atores se encantaram com a megalópole: quando Charlotte está no metrô, observando todas as pessoas, ou quando passeia nos famosos jardins, vemos como Scarlett estava verdadeiramente impressionada com tudo.

Durante os 105 minutos de filme a estória se passa tão naturalmente que quem assiste pensa que tudo não durou mais de 40 minutos, ou seja, apesar de não ter toda a ação convencional, o espectador não fica cansado. E o enredo ainda possui o extra de ter uma leve crítica à indústria hollywoodiana de cinema, que esquematizou os filmes atuais. Anna Farris interpreta uma atriz que está promovendo um filme típico de ação, daqueles tão óbvios que é possível adivinhar as falas dos atores. Farris é, no filme, o retrato exato das estrelas jovens que querem chamar atenção para si mesmas. E há uma possível crítica a Keanu Reeves, também.

O título também é interessante. Um escritor uma vez disse que nenhuma tradução é perfeita, e que algo sempre se perde nela. O título do filme: perdido na tradução. Sim, em português soa um tanto quanto estranho. Mas pode significar que aquilo que os protagonistas estavam buscando, aquilo que lhes faltava, seria perdido quando eles se separassem, na volta para os EUA. E a brincadeira com translation seria devido ao fato de eles estarem no Japão, país que fala outra língua que, para eles precisa de tradução. E translation pode ser empregada aqui como a mudança, o retorno para o país de origem das personagens. Talvez, não sei.

Gostaria de poder discutir também o final, pois é o melhor que eu poderia (se é que eu poderia) imaginar para um filme como este. Não costumo sentir em filmes o que senti nesse, e o recomendo imensamente para aqueles que apreciam também filmes sem violência e efeitos especiais; para aqueles que reconhecem que, para um filme ser bom, seu orçamento não precisa ser dispendioso.




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